quinta-feira, 15 de abril de 2010

Informática, a melhora que piora

A informática é o bicho. Adianta barbaridade o expediente, mas quando atrapalha, é pra valer. É o caso, nowadays. (A expressão veio, e como meus leitores são imaginários, permito-me). Estamos sem receber e-mail há três dias, decorrência de uma "melhora" no sistema. Quando ouço que o pessoal da informátiva vai "melhorar o sistema" tenho urticária. Nos quase nove anos de Famato, as melhoras só fizeram piorar. Antes, os computadores se comunicavam; hoje tenho que passar e-mail para o colega ao lado ou seguir um caminho que quase sempre se apresenta com problemas.
Quantas e quantas vezes já aconteceu de perdermos muito conteúdo nessas "melhoras", também como é o caso agora. Disseram que, provavelmente, os e-mails endereçados à redação nos últimos dias não serão entregues. Legal. Já perdemos edições inteiras da revista - que estavam arquivadas no computador e, descuido do diagramador, sem back up. Já perdemos para sempre o site da revista: em outra "melhora", desconfiguraram os mecanismos do site e nunca mais. Hoje, quase cinco anos depois, tivemos uma reunião para fazer o novo site da revista - com outro pessoal.
Não sei - realmente - se é incompetência ou se o negócio da informática é assim muito complicado mesmo. O que me parece é que existe uma paranóia na proteção de documentos que acaba gerando essas "melhoras" para pior. São garotos brincando de espionagem? Não sei, não. Mas que não podia acontecer, não podia. O que perdemos de material, nessas "melhoras", custa muito mais do que elas representaram de bom - coisa que, sinceramente, ainda não vi.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pelo PT, vote Serra

O PT, tal qual o concebemos, acabou, ficou na poeira da História. Mas os ideais permanecem. Justiça social, redução drástica da distância entre ricos e pobres, fim da impunidade para crimes de colarinho branco, rigor extremo contra a corrupção, democracia participativa, liberdade, ética.
Hoje, quem tem condições de empunhar essas bandeiras? Nenhum partido, nenhum candidato. Fica a esperança, para Mato Grosso, de elegermos Pedro Taques, cujo trabalho à frente do Ministério Público Federal foi brilhante, ao Senado. Mas só. O resto é o resto. Restolho, melhor dizendo. E mesmo Taques, por enquanto, é uma promessa. Quantas não tivemos antes, e nos decepcionamos depois?
Pois estou defendendo a seguinte tese: para manter acesa a chama do PT, devemos eleger Serra. Primeiro, pra desalojar muita gente de segunda que embarcou no poder e agora se acha. Comete falcatruas, rouba, favorece, prevarica. Culpa do Lula? Médio. Culpa do PT? Total. Primeiro, porque não cuidou direito das nomeações, abriu espaço para picaretas, aprendizes de feiticeiros. Segundo, porque a cúpula se corrompeu, entregou-se aos prazeres do poder, demonstrou que faltava estofo para assumir o comando do país.
Depois, é preciso alternância no poder, e se for com gente da social-democracia, tanto melhor. PT e PSDB - irmãos siameses - vão querer mostrar quem pode mais. Veja o mote do Serra: "O Brasil pode mais". Essa é uma boa briga, que favorece o país, sem cair num conservadorismo nefasto. O PMDB, com a vitória de Dilma, vai ocupar espaços ainda maiores e tudo de ruim que acontece ao país se multiplicará. Já o DEM, principalmente se o PSDB vier com chapa pura, com Aécio, ficará ainda mais esquálido, ganhará no máximo migalhas para não morrer de inanição - embora seja esse o seu glorioso destino.
Daí minha campanha: para salvar o PT, petistas de corpo e alma, votem Serra. E vamos aproveitar os próximos oito anos para lavar roupa suja, expurgar os gatunos e avançar rumo a novas configurações sociais, ambientais, culturais.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um dia lindo

Fazia tempo que não via um dia tão bonito. Acordei cedinho e pude ver o sol nascente batendo nos andares mais altos dos prédios que avisto do apartamento do 4o andar. O céu estava translúcido, as sombras ainda cobriam as casas térreas, o clima era de quase frio. Que Cuiabá tem dias bonitos, tem, mas hoje, no aniversário da cidade, tudo colaborou para que ficasse registrado como um dia belíssimo. O pôr-do-sol foi chocante. Uma barra vermelha se formou no horizonte, por detrás dos mesmos prédios que de manhã o sol nascente iluminava; com o avanço da noite, ficaram na contra-luz, silhuetas escuras com pontos de luz sob o céu quase negro.
Da minha janela vi o dia nascer e morrer.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Amigos

Tenho pensado muito nos amigos. Deve ser saudade. Tenho muito poucos, porém são grandes amigos. Para mim. Eu, para eles, devo ser um ingrato que não os procura, não dá notícias e quando os encontra, faz de conta que o tempo não passou e por isso não demonstra enorme satisfação. É que para mim não muda nada. Passa um ano, dois, cinco, o amigo permanece igual no meu pensamento. Devem pensar que eu não ligo a mínima para a vida deles.
Explico: tenho uma grande dificuldade de entrar em detalhes, tanto da minha vida quanto da alheia. Quando vejo um amigo, não fico especulando sobre os acontecimentos pessoais. Às vezes rola, mas raramente. Falamos de outras coisas, não de nós.
Mas sei que gosto muito dos meus amigos. São referências. Acompanho-os, de longe, no expediente dos jornais, revistas e programas de TV, nos releases de empresas, nos comentários de conhecidos comuns. Alguns nem sabem que são meus amigos, mas eu os considero. Outros, têm por mim um carinho tão grande que só muito tempo depois descubro que alguns caminhos que segui foram traçados por eles, sem alarde, sem aviso, sem cobrança.
Assim vou eu. Lembrando dos amigos, mas sem iniciativa de procurá-los. Às vezes penso que nosso encontro deve ser algo tramado por forças superiores, e é assim que muitas vezes acontece. É assim que vejo meus amigos: como uma trama do universo.
Hoje estava pensando em como estou afastado do bla bla bla da política, onde, em outros tempos, costumava estar; cheguei à conclusão que ali não encontrarei ninguém de quem um dia possa ser amigo, e o melhor é ficar longe mesmo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Triste fim

De novo - o tempo passa. Mas vamos aos fatos. Com a desincompatibilização dos candidatos à presidência - vou me ater a eles - está armada uma guerra fratricida que fará muito mal ao Brasil. Explico: Serra e Dilma, PT e PSDB, são como irmãos brigados; falam mal um do outro mas se reconhecem. Disputam o poder, dão chute na canela, mas não avançam no pescoço.

Esta campanha que se inicia pode levar a gestos mais violentos. A divisão meio a meio do eleitorado, a esta altura, faz prever uma disputa acirradíssima, em que, lá pelas tantas, alguém irá ultrapassar o limite do razoável. Não propriamente o candidato, mas as tropas reunidas em torno de um e outro nome. Aí é que mora o perigo. Ultrapassado este limite, após a eleição, ganhe quem ganhar, restará um campo de batalha conflagrado em que coiotes e hienas - leia-se DEM e PMDB (et caterva) - disputarão palmo a palmo as carnes dilaceradas do regime democrático. Não para pensá-las, mas para abocanhar espaços de poder. Coiotes e hienas, covardes, não se enfrentam jamais - apenas dividem, na calada da noite, os nacos do butim. Triste fim de um projeto que, em 16 anos de governo democrático - em que pesem acusações de vendilhões da pátria para os tucanos e mensaleiros para os petistas - deu esperanças para o povo brasileiro.

sábado, 13 de março de 2010

Os caça-buracos

Estive viajando a trabalho. Percorri uma região ainda desconhecida para mim. Fui a Comodoro, no oeste de Mato Grosso, e de lá segui rumo leste, em direção a Campos de Julho. Parecíamos, eu e o fotógrafo, caçadores de tornados; estávamos em busca de tempestades para documentar o caos em que se transformam as estradas do interior neste período de colheita. Queríamos caminhões atolados, motoristas raivosos, essas coisas "que dão matéria". De tardezinha, no caminho para Campos de Julho, pensei que a sorte estava do nosso lado: nuvens muito escuras tomaram conta do horizonte, aproximando-se rapidamente, e os raios cortavam o céu de tempos em tempos. Bastou escurecer - nós ainda na estrada - para que o aguaceiro desabasse sobre nossas cabeças. Ainda bem que o asfalto é relativamente novo; era quase impossível enxergar alguma coisa, a não ser a faixa branca na lateral da pista.
Mal vimos a entrada de Campos de Julho, aliás muito mal sinalizada. Fomos a um posto de gasolina, conversamos com alguns caminhoneiros, jantamos, pegamos o pior hotel em que já me hospedei - disseram que era o melhor - e dormimos sonhando com belas imagens no dia seguinte. Antes, assisti ao primeiro grande comício de Dilma, durante o lançamento do II Plano Nacional de Cultura.
Acordei cedo, caminhei pela avenida deserta, sob uma cerração danada, mas pude ver a pista salpicada de grãos de soja, em toda sua extensão. Como se desperdiça. Também havia centenas de lesmas cruzando o asfalto. Ao lado, várias embalagens de veneno vazias, junto ao meio fio. Uma visão desanimadora.
Ainda no hotel Espelunca, perguntamos qual era a estrada com maior probabilidade de atoleiro. A opinião de todos foi a de que a Alto Juruena era terrível. Seguimos até ela e logo encontramos um caminhoneiro parado, arrumando alguma coisa. Pedimos informação. Ele estava esperando alguém vir na direção contrária para saber se dava para transitar. Seguimos adiante. Grandes valetas surgiram na pista. O solo estava seco, dava para passar. Por mais que tivesse chovido na noite anterior, não havia empossado água ali. Fomos em frente, depois de fotografar os buracos. Por todo lado, via-se a faina (palavrinha antiga, né?) de colhedeiras, tratores com plantadeiras e caminhões cortando a paisagem de leve declive. Bonito de ver, numa manhã ensolarada após a noite chuvosa. Aqui e ali, possíveis atoleiros, mas ninguém parado.
Decidimos seguir para Sapezal, onde almoçamos e ficamos comparando a organização da cidade em relação a Campos de Julho, feínha que só ela. Sapezal é maior, mais ajeitada e tem alguns prédios, como o Paço Municipal - a Prefeitura - de primeiro mundo. É o reino dos Maggi, dos Scheffer, dos potentados do agronegócio mato-grossense. O churrasco temperado com arisco, porém, deixou a desejar.
Decidimos caçar buracos na famigerada 364, no trecho ainda sem asfalto entre Campo Novo do Parecis e Diamantino. De Sapezal a Campo Novo, passamos pela recém inaugurada MT 235, que cruza a reserva indígena Paresí. Logo à entrada da reserva, o pedágio, cuidado por 3 índios. Vinte reais para carros, trinta para caminhões. Sem que fizéssemos qualquer alusão, o índio que veio cobrar desandou a falar que não eram ladrões, que faziam tudo direitinho. Por isso tinham troco, se precisasse. Numa das mãos, tinha um bolo de notas de 20.
Seguimos adiante pela bela rodovia, novinha em folha, por onde escoa a soja vinda da região de Campo Novo, onde a família Maggi planta trocentos mil hectares na fazenda Itamarati, arrendada de Olacyr de Moraes. O cerradinho ralo me fez lembrar um gaúcho que me acompanhou em outra viagem à reserva, há alguns anos: ele praticamente babava e dizia"Puxa, é muito fácil transformar isso em lavoura, é gradear e plantar". São 1,3 milhão de hectares de reserva, no mínimo 50% com topografia adequada à agricultura. Fui ali pela primeira vez há 23 anos, e vivi, por uma semana, como queria Rousseau.
Chegamos ao trecho sem asfalto da 364. Buraqueira, mas nada que já não tivesse visto na minha infância, indo para a fazenda em Dourados, MS. Gosto de dirigir nessas condições. O fotógrafo aproveitava para registrar a poeira levantada pelos caminhões que, dali, podem tanto ir em direção a Diamantino, levando a soja para a 163, como ir para Campo Novo. A da 163 vai sair ou por Santarem ou pelos portos do sul e sudeste do país; a de Campo Novo segue para Porto Velho, onde é embarcada e levada até Itacoatiara, no Amazonas, pelas barcaças da Hermasa, empresa dos Maggi.
Ao longo do trajeto, aqui e ali encontrávamos homens do Dnit. Mediam a rodovia. Logo adiante uma patrol deixava o chão um tapete. A estrada vem sendo asfaltada nos últimos anos e só faltam 80 km para ligar a 163, na altura do Posto Gil, à rodovia que sobe de Cuiabá a Campo Novo, cujo nome me escapa. Tanto na nossa subida até Comodoro como no trecho próximo a Diamantino, as estradas estão sendo recapeadas em grandes trechos. Buraco, mesmo, só nas estaduais e vicinais de terra.
Aos poucos, Mato Grosso vai superando as dificuldades tremendas de retirar suas safras cada vez maiores. O problema, pelo que se vê, está agora nas pontas: os caminhões estavam parados em Campos de Julho porque não havia balsas disponíveis em Porto Velho; em Santarém, onde desemboca a 163, o porto da Cargill não comporta grandes cargas; a Ferronorte estava sem vagões suficientes para atender à demanda do centro-sul do estado; e a hidrovia Paraguai-Paraná está às moscas desde que a Repsol de Hugo Chaves comprou a empresa Cinco Bacia e interrompeu o transporte de soja a partir de Cáceres.
Conclusão: o buraco é mais embaixo. Voltamos para casa mais cedo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O tempo passa...

Fiquei surpreso ao ver que desde o dia 26 não visito este espaço de intimidades. Também não me sinto disposto a escrever hoje, meus improváveis leitores. Na verdade, titubeio: abro o jogo, escancaro o que me vai pela cabeça?
Talvez este seja um dilema de todo mundo que cultiva um blog sem interesse específico. Por que quis eu ter esse blog? Para falar do que me desse na telha, lembram-se? Mas e quando a gente está introspectivo, como acontece comigo frequentemente? Aí, ficar falando do umbigo, sei não...
Às vezes penso em transformar este blog num espaço de pregação. Dizer que simplicidade, tranquilidade, amizade, honestidade, sensibilidade, espiritualidade são a essência da vida. Acredito nisso. Mas quando um cara me fecha no trânsito, sai de baixo.
Resumindo: primeiro, é preciso auto-controle. Para isso, é necessário auto-conhecimento. Para isso, dê-lhe meditação. E meditar é um ato solitário. Silencioso. Aí dá sono.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

De volta ao primeiro post

Apenas para lembrar ao improvável leitor o sobrenome do grande jornalista sorocabano citado na estreia deste blog: Sérgio Coelho, hoje um dos responsáveis pelo programa Globo Rural.

Meu mundo caiu

Hoje de manhazinha, caminhando no parque Okamura, passei pelo local onde donas de casa se reúnem para malhar, orientadas por uma garotona cuja energia impressiona. Hoje, a trilha sonora me deixou arrasado: Born to be wild, do Stepenwolf - um dos hinos da minha geração, trilha sonora do filme Sem Destino. Provavelmente, nem as donas de casa que levantavam uma perna e outra, embaladas pelo rock visceral, e nem a garota maçuda sabem disso. Estavam ali simplesmente malhando, mas para mim soou como uma profanação.
Meu mundo caiu.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Besta é tu

Meu filho de 16 anos está revoltado com a mensagem de um outdoor em que se lê algo como "a população cuiabana está profundamente grata ao governador Maggi por este ter doado definitivamente à comunidade o Palácio Filinto Miller, que abriga a Câmara Municipal".
Ah, a juventude! Esta capacidade impávida de se indignar.
Sua leitura é translúcida: o Palácio é um bem público, portanto já pertence à comunidade cuiabana e mato-grossense. O governador, neste caso, está apenas dando uma destinação ao prédio, cuja histórico de ocupação, aliás, não é dos mais louváveis.
Não se agradece por aquilo que já temos, a não ser a Deus. Agradecer ao governador por nos dar uma coisa que nos pertence é quase confessar que essa coisa estava em mãos indevidas e que, enfim, nos é devolvida.
Dá pra elucubrar de montão, mas o que me move, nesta postagem, é registrar ao gênio que bolou o tal outdoor que a "comunidade" não é idiota como ele imagina. Besta é ele.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Lucy in the sky with demons

Estou ha uns 40 minutos pendurado ao telefone, tentando suspender minha assinatura da Sky. Não consigo. Foram 5 ligações, cinco conversas, cada qual num tom de voz e num grau de humor. Não adianta. Assim que digo o motivo da ligação, sou "transferido" para o menu e fico sabendo das séries e outras bobajadas que rolam no serviço. A telefonista some e não aparece mais ninguém para te atender. No mesmo momento em que escrevo, estou com cara de - e me sentindo - bobo, com o telefone grudado na orelha. Desistir significa continuar recebendo contas indefinidamente. Cadê meus direitos? Inexistem, creio, já que esse tipo de reclamação entope os Procons da vida.
Chega, mais tarde eu tento de novo - pelo menos vou ter assunto para outra postagem. Tempo dcorrido desde o início desta gravação que ora encerro: 15:45.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Leitura!

Hoje vou falar da minha filha caçula, para que fique devidamente apresentada. Vocês - meus inexistentes leitores - ainda vão ouvir falar dessa menina. Tem treze anos, está na oitava série, faz inglês e jazz. Até aí, muitas das suas contemporâneas têm atividades semelhantes. O que me tem surpreendido é a habilidade com que escreve. Lê-se, nas redações escolares ou nos contos que armazena no computador, frases e períodos construídos com bom domínio da língua - da gramática e da semântica. Mais que isso, suas narrativas demonstram criatividade.
Para que isso não se torne pura babação de ovo, explico: minha filha - assim como meu filho, já apresentado em postagem anterior - escrevem bem porque lêem muito. E lêem muito porque foram estimulados a ler desde a banheirinha, quando sempre tinham nas mãos livrinhos plásticos com desenhos interessantes. Dali pularam para livrinhos de histórias, que eu e minha mulher líamos diariamente após o almoço ou jantar, depois para gibis, Harry Potter - todos - e outras tantas coleções e clássicos da literatura infanto-juvenil.
O acesso ao computador não freou o prazer da leitura. Tenho certezade que eles nunca deixarão de ser bons leitores - e, portanto, bons escritores; mais que isso: bons pensadores. Esse papo de que a juventude não lê é meia verdade. Não lê porque não teve ninguém que a estimulasse desde a primeira infância. Portanto, meus inexistentes leitores: se tiverem filhos pequenos, dêem livros para eles. O mundo será um pouquinho melhor.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Pergunta indiscreta

Você precisa de alguma coisa?

Uma pergunta simples difícil de ser respondida.

Provavelmente, no rol das prioridades, nos lembraremos primeiro do curtíssimo prazo: comida, bebida, uma ajuda para limpar a casa, estender-nos o livro que está na estante e que nós, por preguiça, não nos dispomos a pegar.

Depois vêm a lista de coisas que podemos chamar de médio prazo, considerando-se que, no mundo hedonista em que vivemos, uma semana é longo prazo: supermercado, bancos, padaria, escola das crianças, etc.

Por fim, o longo prazo: uma carona para a casa da sogra, ficar com as crianças para irmos ao cinema, trazer um pizza à noite, para evitar o movimento insano dos restaurantes no Sábado.

De que mais precisamos? De dinheiro, claro, mas esse, ninguém imagina que alguém peça quando se diz: “você precisa de alguma coisa?” Alguém, por acaso, diz: “preciso de alegria”, “felicidade”, “amor”, “paixão”, “tesão”, qualquer desses sentimentos que, traduzidos, querem dizer “vida”?

“Preciso viver”. Seria uma resposta. A única resposta sem data ou lugar para ser dita. Poderia ser atendido, tal pedido?

Provavelmente, se o perguntador for um médico, sairei do consultório com uma receita de algum prozac. Se for um padre, com uma bíblia. Se for minha mãe, com um pão feito na hora. Se for meu pai, com – aí sim, pode ser – dinheirinho extra no bolso. Se for um amigo, provavelmente haja um convite pra balada, pegar umas mulher, tomar umas, dar uma bolinha ou cheirar um pó. Se for um cachorro, ele não dirá nada, mas te entenderá.

E se for você mesmo perguntando? Você pra você? Qual a resposta? Tem?

Orgulho de pai

Assisti, entusiasmado, à apresentação da banda de rock Maria Albina - www.myspace.com/mariaalbina - na Casa Fora do Eixo de Cuiabá. A nova casa ficou muito legal, embora o teto coberto de pano preto e a saída estreita me fizessem pensar que o Corpo de bombeiros ainda não visitou o local, onde ainda se fuma à vontade. Não custa prevenir.
Mas voltando ao show, que fez parte da última noite do Grito Rock, vi a meninada desempenhar com muita alegria e competência alguns sucessos de bandas do momento entremeados com composições próprias, escritas - e aqui a razão do título - por meu filho, guitarrista e compositor da Maria Albina.
Até então, tenho incentivado sua paixão pela música e pelo instrumento, porque sei, por experiência própria, o quanto um violão serve de companhia e o quanto a música lava a alma. De agora em diante, terei que ir além desse lugar-comum. Ele está encarando a banda pra valer, chega a pensar em meio de vida. E isso, para um garoto de 16 anos e meio, cursando o terceiro ano do ensino médio, que passou no último exame do Enem para Medicina na Federal de Mato Grosso, é complicado. Para os pais, então, é um nó. A gente sabe que músico tem que ir aonde o povo está, tocar na noite, enfrentar madrugadas num palco qualquer. Eu conheci vários músicos, fui amigo de alguns e acompanhei-os noitada adentro. Sei, portanto, que o caminho de quem faz música Pop é esse, quase que invariavelmente. Dizer não a uma esticada depois da meia noite na companhia de amigos está cada vez mais difícil. Ainda mais quando me lembro da liberdade quase infinita que tinha nessa idade - meus pais moravam na fazenda e eu ficava praticamente sozinho na cidade, para estudar.
Os tempos eram outros, tento justificar. E eram. Éramos mais inocentes. Para nossos pais, no entanto, eram terríveis: Sexo, Drogas e Rock'n Roll. Hoje, pensando bem, apenas as drogas continuam assustando, pela imediata criação de dependência - vide o crack -, juntamente com seu subproduto mais perigoso, a violência. O sexo, com a Aids, deixou de ser livre e passa por um período experimentalista -  virtual, alegórico - e o Rock é ouvido de mamando a caducando.
Estou em estado de xeque.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Explicação

Eu tinha um blog. Chamava-se Blog do Agronegócio. Enjoei, por razões que expus na última postagem no falecido. Aqui está: Esse blog é da bexiga!, como dizia o motorista que levou a mim e à família de São Paulo à praia, em dezembro. Passo por aqui de vez em quando, e, descobri, assim o faço porque escolhi um assunto do qual trato o dia inteiro, e não sobra paciência para falar dele nas horas vagas. Deixo, portanto, definitivamente esse blog do agronegócio. Vou abrir outro onde posso falar o que me der na telha. Como nome, Deu na telha? Muito antiga, essa expressão. Essa e tantas outras que venho soltando distraidamente. Esses dias, briguei porque um abacate inteiro se perdeu na geladeira. A mulher disse que era para mim, que eu que gostava de vitamina de abacate. Sim, é verdade. Essa é daquelas coisas infantis que a gente nunca larga. Me lembro sentado, com cinco anos, numa lanchonetezinha - naquela época não era esse o nome, lá só fazia vitaminas - tomando minha vitamina de abacate. Prazer imenso. Depois, adolescência, juventude, maturidade, a vitamina de abacate às vezes aparece na minha frente. A melhor, sem dúvida, a da rodoviária de Santos, com creme de amendoim. Mas voltando ao abacate da geladeira e às expressões antigas, disse pra minha mulher: Não compre mais abacate!. Quando quiser, tomo uma vitamina no comércio!. Essa, nem no tempo do Gabriel. Todo mundo - mulher e filhos - olhou para mim e, quase em uníssono, disseram: você precisa ir a um médico!
Histórias assim, vindas de repente, me agradam. Esse é o blog que eu quero. Esse é o blog que terei.
Nome? Blog do Sérgio Ó. Apelido carinhoso cunhado pelo saudoso jornalista Sérgio de Souza, cuja última missão foi dirigir a revista Caros Amigos, para diferenciar os vários Sérgios que trabalhavam nos primórdios da revista Globo Rural: ele próprio, o Sergio Pompeu, o Sérgio Pinga - depois lembro o sobrenome - e eu. Taí! Blog do Sérgio Ó. Me aceita, blogspot!

Bem vindos

Começo este blog com uma dúvida, senão com um erro: o título terá hífen, ou não, ou será benvindos; e hífen, perdeu o acento? Mantém? Ou mantem, simplesmente. A esta altura do campeonato, estou com preguiça de decorar as novas regras que portugueses e brasileiros um tanto malandramente estabeleceram, acredito que só para ficarem por um bocado de tempo pendurados ao emprego. Não vejo outra explicação. Portanto, não esperem deste velho jornalista precisão gramatical. Já fui revisor, tinha que saber, mas agora deixo para aqueles a tarefa de pôr (?) ou não acento, hífen, esses penduricalhos da língua impressa.
Queria mesmo é dar as boas-vindas (?) aos futuros leitores e dizer - todo político diz isso, mas fazer o quê?(?) - que, ora em diante, esta será minha plataforma de lançamento. Até breve