sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

De volta ao primeiro post

Apenas para lembrar ao improvável leitor o sobrenome do grande jornalista sorocabano citado na estreia deste blog: Sérgio Coelho, hoje um dos responsáveis pelo programa Globo Rural.

Meu mundo caiu

Hoje de manhazinha, caminhando no parque Okamura, passei pelo local onde donas de casa se reúnem para malhar, orientadas por uma garotona cuja energia impressiona. Hoje, a trilha sonora me deixou arrasado: Born to be wild, do Stepenwolf - um dos hinos da minha geração, trilha sonora do filme Sem Destino. Provavelmente, nem as donas de casa que levantavam uma perna e outra, embaladas pelo rock visceral, e nem a garota maçuda sabem disso. Estavam ali simplesmente malhando, mas para mim soou como uma profanação.
Meu mundo caiu.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Besta é tu

Meu filho de 16 anos está revoltado com a mensagem de um outdoor em que se lê algo como "a população cuiabana está profundamente grata ao governador Maggi por este ter doado definitivamente à comunidade o Palácio Filinto Miller, que abriga a Câmara Municipal".
Ah, a juventude! Esta capacidade impávida de se indignar.
Sua leitura é translúcida: o Palácio é um bem público, portanto já pertence à comunidade cuiabana e mato-grossense. O governador, neste caso, está apenas dando uma destinação ao prédio, cuja histórico de ocupação, aliás, não é dos mais louváveis.
Não se agradece por aquilo que já temos, a não ser a Deus. Agradecer ao governador por nos dar uma coisa que nos pertence é quase confessar que essa coisa estava em mãos indevidas e que, enfim, nos é devolvida.
Dá pra elucubrar de montão, mas o que me move, nesta postagem, é registrar ao gênio que bolou o tal outdoor que a "comunidade" não é idiota como ele imagina. Besta é ele.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Lucy in the sky with demons

Estou ha uns 40 minutos pendurado ao telefone, tentando suspender minha assinatura da Sky. Não consigo. Foram 5 ligações, cinco conversas, cada qual num tom de voz e num grau de humor. Não adianta. Assim que digo o motivo da ligação, sou "transferido" para o menu e fico sabendo das séries e outras bobajadas que rolam no serviço. A telefonista some e não aparece mais ninguém para te atender. No mesmo momento em que escrevo, estou com cara de - e me sentindo - bobo, com o telefone grudado na orelha. Desistir significa continuar recebendo contas indefinidamente. Cadê meus direitos? Inexistem, creio, já que esse tipo de reclamação entope os Procons da vida.
Chega, mais tarde eu tento de novo - pelo menos vou ter assunto para outra postagem. Tempo dcorrido desde o início desta gravação que ora encerro: 15:45.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Leitura!

Hoje vou falar da minha filha caçula, para que fique devidamente apresentada. Vocês - meus inexistentes leitores - ainda vão ouvir falar dessa menina. Tem treze anos, está na oitava série, faz inglês e jazz. Até aí, muitas das suas contemporâneas têm atividades semelhantes. O que me tem surpreendido é a habilidade com que escreve. Lê-se, nas redações escolares ou nos contos que armazena no computador, frases e períodos construídos com bom domínio da língua - da gramática e da semântica. Mais que isso, suas narrativas demonstram criatividade.
Para que isso não se torne pura babação de ovo, explico: minha filha - assim como meu filho, já apresentado em postagem anterior - escrevem bem porque lêem muito. E lêem muito porque foram estimulados a ler desde a banheirinha, quando sempre tinham nas mãos livrinhos plásticos com desenhos interessantes. Dali pularam para livrinhos de histórias, que eu e minha mulher líamos diariamente após o almoço ou jantar, depois para gibis, Harry Potter - todos - e outras tantas coleções e clássicos da literatura infanto-juvenil.
O acesso ao computador não freou o prazer da leitura. Tenho certezade que eles nunca deixarão de ser bons leitores - e, portanto, bons escritores; mais que isso: bons pensadores. Esse papo de que a juventude não lê é meia verdade. Não lê porque não teve ninguém que a estimulasse desde a primeira infância. Portanto, meus inexistentes leitores: se tiverem filhos pequenos, dêem livros para eles. O mundo será um pouquinho melhor.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Pergunta indiscreta

Você precisa de alguma coisa?

Uma pergunta simples difícil de ser respondida.

Provavelmente, no rol das prioridades, nos lembraremos primeiro do curtíssimo prazo: comida, bebida, uma ajuda para limpar a casa, estender-nos o livro que está na estante e que nós, por preguiça, não nos dispomos a pegar.

Depois vêm a lista de coisas que podemos chamar de médio prazo, considerando-se que, no mundo hedonista em que vivemos, uma semana é longo prazo: supermercado, bancos, padaria, escola das crianças, etc.

Por fim, o longo prazo: uma carona para a casa da sogra, ficar com as crianças para irmos ao cinema, trazer um pizza à noite, para evitar o movimento insano dos restaurantes no Sábado.

De que mais precisamos? De dinheiro, claro, mas esse, ninguém imagina que alguém peça quando se diz: “você precisa de alguma coisa?” Alguém, por acaso, diz: “preciso de alegria”, “felicidade”, “amor”, “paixão”, “tesão”, qualquer desses sentimentos que, traduzidos, querem dizer “vida”?

“Preciso viver”. Seria uma resposta. A única resposta sem data ou lugar para ser dita. Poderia ser atendido, tal pedido?

Provavelmente, se o perguntador for um médico, sairei do consultório com uma receita de algum prozac. Se for um padre, com uma bíblia. Se for minha mãe, com um pão feito na hora. Se for meu pai, com – aí sim, pode ser – dinheirinho extra no bolso. Se for um amigo, provavelmente haja um convite pra balada, pegar umas mulher, tomar umas, dar uma bolinha ou cheirar um pó. Se for um cachorro, ele não dirá nada, mas te entenderá.

E se for você mesmo perguntando? Você pra você? Qual a resposta? Tem?

Orgulho de pai

Assisti, entusiasmado, à apresentação da banda de rock Maria Albina - www.myspace.com/mariaalbina - na Casa Fora do Eixo de Cuiabá. A nova casa ficou muito legal, embora o teto coberto de pano preto e a saída estreita me fizessem pensar que o Corpo de bombeiros ainda não visitou o local, onde ainda se fuma à vontade. Não custa prevenir.
Mas voltando ao show, que fez parte da última noite do Grito Rock, vi a meninada desempenhar com muita alegria e competência alguns sucessos de bandas do momento entremeados com composições próprias, escritas - e aqui a razão do título - por meu filho, guitarrista e compositor da Maria Albina.
Até então, tenho incentivado sua paixão pela música e pelo instrumento, porque sei, por experiência própria, o quanto um violão serve de companhia e o quanto a música lava a alma. De agora em diante, terei que ir além desse lugar-comum. Ele está encarando a banda pra valer, chega a pensar em meio de vida. E isso, para um garoto de 16 anos e meio, cursando o terceiro ano do ensino médio, que passou no último exame do Enem para Medicina na Federal de Mato Grosso, é complicado. Para os pais, então, é um nó. A gente sabe que músico tem que ir aonde o povo está, tocar na noite, enfrentar madrugadas num palco qualquer. Eu conheci vários músicos, fui amigo de alguns e acompanhei-os noitada adentro. Sei, portanto, que o caminho de quem faz música Pop é esse, quase que invariavelmente. Dizer não a uma esticada depois da meia noite na companhia de amigos está cada vez mais difícil. Ainda mais quando me lembro da liberdade quase infinita que tinha nessa idade - meus pais moravam na fazenda e eu ficava praticamente sozinho na cidade, para estudar.
Os tempos eram outros, tento justificar. E eram. Éramos mais inocentes. Para nossos pais, no entanto, eram terríveis: Sexo, Drogas e Rock'n Roll. Hoje, pensando bem, apenas as drogas continuam assustando, pela imediata criação de dependência - vide o crack -, juntamente com seu subproduto mais perigoso, a violência. O sexo, com a Aids, deixou de ser livre e passa por um período experimentalista -  virtual, alegórico - e o Rock é ouvido de mamando a caducando.
Estou em estado de xeque.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Explicação

Eu tinha um blog. Chamava-se Blog do Agronegócio. Enjoei, por razões que expus na última postagem no falecido. Aqui está: Esse blog é da bexiga!, como dizia o motorista que levou a mim e à família de São Paulo à praia, em dezembro. Passo por aqui de vez em quando, e, descobri, assim o faço porque escolhi um assunto do qual trato o dia inteiro, e não sobra paciência para falar dele nas horas vagas. Deixo, portanto, definitivamente esse blog do agronegócio. Vou abrir outro onde posso falar o que me der na telha. Como nome, Deu na telha? Muito antiga, essa expressão. Essa e tantas outras que venho soltando distraidamente. Esses dias, briguei porque um abacate inteiro se perdeu na geladeira. A mulher disse que era para mim, que eu que gostava de vitamina de abacate. Sim, é verdade. Essa é daquelas coisas infantis que a gente nunca larga. Me lembro sentado, com cinco anos, numa lanchonetezinha - naquela época não era esse o nome, lá só fazia vitaminas - tomando minha vitamina de abacate. Prazer imenso. Depois, adolescência, juventude, maturidade, a vitamina de abacate às vezes aparece na minha frente. A melhor, sem dúvida, a da rodoviária de Santos, com creme de amendoim. Mas voltando ao abacate da geladeira e às expressões antigas, disse pra minha mulher: Não compre mais abacate!. Quando quiser, tomo uma vitamina no comércio!. Essa, nem no tempo do Gabriel. Todo mundo - mulher e filhos - olhou para mim e, quase em uníssono, disseram: você precisa ir a um médico!
Histórias assim, vindas de repente, me agradam. Esse é o blog que eu quero. Esse é o blog que terei.
Nome? Blog do Sérgio Ó. Apelido carinhoso cunhado pelo saudoso jornalista Sérgio de Souza, cuja última missão foi dirigir a revista Caros Amigos, para diferenciar os vários Sérgios que trabalhavam nos primórdios da revista Globo Rural: ele próprio, o Sergio Pompeu, o Sérgio Pinga - depois lembro o sobrenome - e eu. Taí! Blog do Sérgio Ó. Me aceita, blogspot!

Bem vindos

Começo este blog com uma dúvida, senão com um erro: o título terá hífen, ou não, ou será benvindos; e hífen, perdeu o acento? Mantém? Ou mantem, simplesmente. A esta altura do campeonato, estou com preguiça de decorar as novas regras que portugueses e brasileiros um tanto malandramente estabeleceram, acredito que só para ficarem por um bocado de tempo pendurados ao emprego. Não vejo outra explicação. Portanto, não esperem deste velho jornalista precisão gramatical. Já fui revisor, tinha que saber, mas agora deixo para aqueles a tarefa de pôr (?) ou não acento, hífen, esses penduricalhos da língua impressa.
Queria mesmo é dar as boas-vindas (?) aos futuros leitores e dizer - todo político diz isso, mas fazer o quê?(?) - que, ora em diante, esta será minha plataforma de lançamento. Até breve