quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Pergunta indiscreta

Você precisa de alguma coisa?

Uma pergunta simples difícil de ser respondida.

Provavelmente, no rol das prioridades, nos lembraremos primeiro do curtíssimo prazo: comida, bebida, uma ajuda para limpar a casa, estender-nos o livro que está na estante e que nós, por preguiça, não nos dispomos a pegar.

Depois vêm a lista de coisas que podemos chamar de médio prazo, considerando-se que, no mundo hedonista em que vivemos, uma semana é longo prazo: supermercado, bancos, padaria, escola das crianças, etc.

Por fim, o longo prazo: uma carona para a casa da sogra, ficar com as crianças para irmos ao cinema, trazer um pizza à noite, para evitar o movimento insano dos restaurantes no Sábado.

De que mais precisamos? De dinheiro, claro, mas esse, ninguém imagina que alguém peça quando se diz: “você precisa de alguma coisa?” Alguém, por acaso, diz: “preciso de alegria”, “felicidade”, “amor”, “paixão”, “tesão”, qualquer desses sentimentos que, traduzidos, querem dizer “vida”?

“Preciso viver”. Seria uma resposta. A única resposta sem data ou lugar para ser dita. Poderia ser atendido, tal pedido?

Provavelmente, se o perguntador for um médico, sairei do consultório com uma receita de algum prozac. Se for um padre, com uma bíblia. Se for minha mãe, com um pão feito na hora. Se for meu pai, com – aí sim, pode ser – dinheirinho extra no bolso. Se for um amigo, provavelmente haja um convite pra balada, pegar umas mulher, tomar umas, dar uma bolinha ou cheirar um pó. Se for um cachorro, ele não dirá nada, mas te entenderá.

E se for você mesmo perguntando? Você pra você? Qual a resposta? Tem?

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