quarta-feira, 11 de março de 2020

Vamos ver quem vai vencer

Basta deixar qualquer coisa no chão e elas infestam
Desde que cheguei no sítio, em março do ano passado, estou às voltas com umas formiguinhas minúsculas, que não conhecia. Menores que lavapé.

Elas estão por todo lado; trilhões, imagino, dada a quantidade que vejo por metro quadrado.
A princípio, achei que era uma coisa passageira, tipo ataque de praga; depois, passei a considerar algum desequilíbrio ambiental - no que ainda acredito -, principalmente relacionado à seca que atingiu a região no ano anterior - e que vem se repetindo agora.
O pessoal da Empaer também considerou o desequilíbrio, mas, instados a descobrir a causa, jogaram a bola pra universidade: a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural, à época ameaçada de fechar, não tinha condições de se debruçar sobre o problema. Ou seja: pode riscar a palavra pesquisa do nome.
Mandei foto para uma professora da Unemat amiga nossa, bióloga, mas parece que não é a área dela, e pelo que entendi não tem ninguém ligado à entomologia no campus de Cáceres.
Perguntei aos sitiantes vizinhos se tinham o mesmo problema e todos confirmaram. O único remédio, disseram, era usar um veneno poderoso, de venda meio clandestina, mas eficaz.
Aí ferrou. Tive o prazer de entrevistar anos atrás e li uns três ou quatro livros da doutora Ana Primavesi, falecida em janeiro, e a palavra veneno, ou agrotóxico, ou agroquímico - como querem os fabricantes - não cabe no seu conceito de agricultura. Também li alguns livros sobre agrofloresta, ou agricultura sintrópica, e não tem nenhuma indicação de combate químico. Como nosso projeto é implantar uma agrofloresta, xô, veneno!
Estabeleci um limite para as formiguinhas: ficarem fora dos limites da casa. Se entram na varanda atrás da ração do Teco ou do Shen, pulverizo. Fora dali, vamos convivendo. Elas incomodam: quando se vai plantar sobem pelas mãos, pelas pernas, mas não picam doído.
Acredito na Primavesi. O surgimento de pragas e doenças nas plantas e animais são sintomas de um solo desequilibrado.
O solo do sítio se degradou ao longo desses 20 anos que ficamos longe. Está paupérrimo de matéria orgânica. E não é com veneno, muito menos com adubação convencional, que vou restabelecer sua saúde.
Sem uma assistência técnica efetiva e comprometida, vou fazendo o possível, de acordo com as recomendações da mestra Primavesi. Vamos ver quem vai vencer.

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